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quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Flor de verão - Daisi Oliveira de Souza





Meus passos deslizam,
Lentos e desalinhados,
Medindo um tempo
Que há pouco foi embora,
Deixo suas fotos pelo chão
Sequestrando lembranças
- A cada hora -
momentos que não mais voltarão...

Tento viver um pouco mais
Como flor de verão em fim de estação,
Não defino - trata-se de saudade
Ou uma paralisia da aflição?
Em saber que em teus braços
Jamais repousarei meus sonhos,
E meus olhos nos teus
Não mais refletirão.


Daisi Oliveira de Souza
Lei 9610/98
In " Sob meu Olhar" 


As Sem Razões do Amor - Carlos Drumonnd de Andrade

 
 
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.



segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Haicai 2


Poema A Busca - Daisi Oliveira de Souza



A  busca

Busco no espelho
Aquela menina...
Um tanto franzina,
Cabelos cacheados
Olhos negros
Levemente “puxados”,
Existia tanta esperança
Naquele olhar de criança,
Havia tanta irreverência
Apesar da inocência,
Existiu ali um sonho,
Hoje, um pesadelo medonho;
Onde o senhor do tempo
Levou  minha pequena?
Busco-a incessantemente
Nos recônditos da alma
Em busca de uma justa  calma
Mas não encontro - vivalma.

Daisi Oliveira de Souza

domingo, 27 de outubro de 2013

Lya Luft - Canção das mulheres


Música : Ernesto Cortazar - Lost without you




Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me doía a ideia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.

Lya Luft

Wagner Borges - Lições do Tempo e da Vida

Música Stolen Kiss - Ernesto Cortazar
Ah, a música!
Pode falar de amor.
Ou de dor.
Mas sempre vem do coração.

O tempo não para...
Assim como o músico;
Que continua compondo, além...
Dia sim, dia não, tem som!

Nada é como antes...
Nunca é!
Porque o tempo não para...
E eu vou junto.

O sol levanta-se, lindo.
Mas quem aprecia o milagre?
Parece só mais um dia...
Mas é a vida explodindo em luz.

Ah, a lua ascendeu no firmamento.
Mas quem aprecia a bela?
Parece só mais uma noite...
Mas os poetas e os músicos a conhecem.
Eles sentem alguma coisa,
Dentro do coração.
E poucos entendem isso.
Eles estão grávidos de poemas e músicas.

O tempo não para...
E tudo acontece.
Às vezes chove; outras vezes, não.
E tudo é milagre da vida.

Ah, quem sabe amar?
Não quem só diz que ama.
Mas quem vê o milagre do amor,
Fazendo o próprio peito virar sol.

Quem morre mesmo?
Talvez os que não se realizam.
Os mesmos que não veem milagres
Nas coisas simples da vida.

Talvez haja vida nessa vida...
Porque, além dela, isso é certo.
Assim como era antes.
Pois o tempo não para...

E quem pode provar isso?
Quem não aprecia a vida, aqui e agora,
Também não fará isso depois da morte.
Sem ver o milagre, o espírito fica pobre.

E que milagre é esse?
O de transformar água em vinho?
Ou aquele de conhecer a si mesmo,
Para, assim, reconhecer a vida?

Ah, a música!
Pode até falar de vida além da vida...
De vida antes da vida...
E de vida, na vida mesma...

O tempo não para...
Os poetas e os músicos sabem disso.
E sempre procuram a lição de cada dia.
Que sempre vira poema ou canção.

Para registrar o milagre da vida.
E acordar os que não vivem.
Para olhar as flores e os amores
Florescendo nos jardins e nos corações.

Ah, quem não sabe rir, fica doente.
E, assim, não vê milagre em nada.
Quem não sabe amar, perde a luz.
E a vida acaba antes da morte.

E não é depois que se conserta isso!
É agora mesmo, numa simples canção.
Pois o tempo não para...
E tudo é lição... As flores, os amores, e a vida.

Ah, nem mesmo os poetas e os músicos
Sabem bem o que rola...
Eles são médiuns de algo mais...
Que entrega a mensagem em seus corações.

Que lhes inspira a falar de milagres
Nas coisas simples da vida.
Que lhes fala de belezas além...
Para quem já vê beleza no aqui e agora.

Ah, a música!
Pode falar de amor.
E até de vida, antes, agora, e depois...
Sempre vida.

O tempo não para...
E tudo é lição;
Para quem vê milagres em seu próprio coração.
E admira a vida, antes, agora, e sempre...

Ah, quem sabe o que rola?...
Os poetas e os músicos só escrevem, e se encantam
Com a mensagem que desce em seus corações,
E que diz, “que todo tempo é tempo de crescer!”

Wagner Borges

Olavo Bilac - O Pássaro cativo





Armas, num galho de árvore, o alçapão.
E, em breve, uma avezinha descuidada, batendo as asas cai na escravidão.

Dás-lhe então, por esplêndida morada, a gaiola dourada.
Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo.

Por que é que, tendo tudo, há de ficar o passarinho
mudo, arrepiado e triste, sem cantar?

É que, criança, os pássaros não falam.
Só gorgeando a sua dor exalam, sem que os homens os possam entender.
Se os pássaros falassem,
talvez os teus ouvidos escutassem este cativo pássaro dizer:

"Não quero o teu alpiste!

Gosto mais do alimento que procuro na mata livre em que a voar me viste.
Tenho água fresca num recanto escuro.

Da selva em que nasci; da mata entre os verdores,
tenho frutos e flores, sem precisar de ti!

Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola de haver perdido aquilo que perdi...
Prefiro o ninho humilde, construído de folhas secas, plácido, e escondido.

Entre os galhos das árvores amigas...
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?

Quero saudar as pompas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde, entoar minhas tristíssimas cantigas!

Por que me prendes? Solta-me, covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade!
Não me roubes a minha liberdade...

QUERO VOAR! VOAR!..."

Estas coisas o pássaro diria, se pudesse falar.
E a tua alma, criança, tremeria, vendo tanta aflição.
E a tua mão, tremendo, lhe abriria a porta da prisão...



Olavo Bilac

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Vídeo ¨One Day on Earth¨ - Um presente aos amantes da natureza

E Tudo Mudou ( Luiz Fernando Veríssimo)




O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss

O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone

A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM

A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse

Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal

Ninguém mais vê...

Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service

A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão

O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD

A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email

O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street

O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também

O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike

Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato

Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...

A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...

... De tudo.

Inclusive de notar essas diferenças


Poema - Simplesmente...




Não sou  uma poetisa

Apenas uma mulher – simples

Atenta aos detalhes da vida

E ao que ela pode oferecer,

Gosto do chão batido

Do cheiro da terra molhada,

Disputo com os passarinhos

Os primeiros raios de sol,

Minha canção favorita

Vem da alvorada

Pássaros em revoada

Fazem meu coração acalmar,

Aqui  desta janela

Percebo o quanto é bela

A simplicidade de Ser

Parte desta paisagem

Que a poucos se faz perceber


By Daisi Oliveira de Souza